Pausa na playlist do Radiohead porque temos uma treta polêmica pra comentar. Jonny Greenwood, o lendário guitarrista e tecladista da banda, está no olho do furacão após seus shows com o músico israelense Dudu Tassa serem cancelados por “ameaças credíveis”. A dupla estava programada para se apresentar em Bristol e Hackney, mas as malas nem chegaram a ser desfeitas. E, amigo, não foi só no chat do WhatsApp que a discussão pegou fogo. A coisa toda levantou debates sobre censura, liberdade de expressão e até a conexão entre música e política no Oriente Médio.
Se você curte arte com uma pitada de controvérsia, fica por aqui porque a história é densa, mas totalmente fascinante.
O que rolou?
Os shows, que aconteceriam em 23 e 25 de junho, teriam como palco o Bristol Beacon e o Hackney Church, mas foram cancelados por questões de segurança. Segundo a nota oficial de Greenwood, Tassa e companhia, “as ameaças feitas foram suficientes para considerar inseguro seguir em frente”. E o pior? Quem saiu vitorioso dessa bagunça foi quem queria silenciar os artistas.
A motivação? Grupos como o Palestinian Campaign for the Academic and Cultural Boycott of Israel (Pacbi). Eles alegaram que a colaboração entre Greenwood e Tassa seria uma espécie de “lavagem cultural” em meio ao atual conflito entre Israel e Gaza. Resultado? A música virou vítima indireta de uma guerra supercomplexa.
Arte acima de fronteiras (ou deveria ser)
Jonny Greenwood não economizou nas palavras ao afirmar que a decisão foi um “método de censura e silenciamento”. Ele destacou que a arte existe para criar pontes, não muros, e criticou o fato de músicos serem impedidos de performar porque suas nacionalidades ou religiões incomodam alguém. A treta, no entanto, vai além da parceria com Tassa. No palco, a dupla inclui cantores da Síria, Líbano, Kuwait e Iraque, refletindo a diversidade cultural do Oriente Médio. Bolaram um projeto pra unir o que há de mais lindo nesse caldeirão cultural e, no fim, o público foi privado dessa experiência incrível.
Entre a esquerda e a direita, ninguém ganha
O mais curioso? Greenwood apontou que a banda acabou criticada por todos os lados. “Para a direita, tocamos o tipo errado de música – muito inclusiva. Para a esquerda, usamos isso para nos absolver coletivamente.” Seria cômico, se não fosse trágico. Afinal, não dá pra agradar uma galera que interpreta até as notas musicais como discursos políticos.
A treta ainda foi além. Greenwood comparou a celeuma ao caso da banda irlandesa Kneecap, envolvida em polêmicas por declarações controversas. Ele alfinetou quem defende a liberdade para alguns, mas censura outros. “Como podemos julgar Kneecap e, ao mesmo tempo, restringir nosso próprio direito de nos expressar artisticamente?”
Por trás da polêmica, o silêncio ensurdecedor
No fundo, a questão aqui não é só sobre música. Greenwood reconhece que, sim, o que está rolando em Gaza e Israel é absurdamente mais importante do que os shows cancelados. Mas isso não significa que a liberdade artística deva ser ignorada. Se arte é nossa válvula de escape, como a transformamos em mais uma vítima do ódio político?
Vale lembrar que Greenwood já enfrentou polêmica antes. O Radiohead tocou em Tel Aviv em 2017, atraindo críticas de grupos pró-Palestina. Ou seja, o músico já conhecia a encrenca, mas isso não impediu que ele apostasse, de novo, no poder da música para unir.
E agora, quem pode salvar o show?
Os fãs que já estavam com os ingressos garantidos, pelo menos, terão seus reembolsos processados. Mas é claro que nem um super crédito na fatura do cartão compensa a perda de uma noite que prometia ser única. Enquanto isso, Greenwood, Tassa e os outros músicos seguem com sua declaração contundente sobre o impacto das decisões políticas na cena artística.
“Negar aos artistas e ao público a chance de compartilhar música é censura e silenciamento.” Pesado, né? Mas totalmente verdade.
Finalizando a conversa em alto e bom som
No fim das contas, o cancelamento desses shows levanta uma questão crucial: até onde a arte pode (e deve) ser impactada pelas tensões políticas? Não há respostas fáceis, mas uma coisa é certa. Quando censuramos a música, todos perdem. Fica o convite para repensar como vemos a arte e sua relação com o mundo.